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Pesquisa revela práticas da Enfermagem na Atenção Primária

Estudo inédito com mais de 7 mil enfermeiros mostra situação da linha de frente

Com o objetivo de compreender as práticas avançadas e traçar o perfil das enfermeiras e dos enfermeiros que atuam no atendimento primário à população, o Núcleo de Estudos de Saúde Pública da Universidade de Brasília (NESP/UnB) e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) realizaram a pesquisa “Práticas de Enfermagem no contexto da Atenção Primária à Saúde”, com a participação de 7.308 profissionais de todo o país. Os resultados do estudo traçam uma verdadeira radiografia da saúde pública brasileira e revelam o protagonismo da categoria no atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Por meio desta pesquisa, profissionais de enfermagem de todo o país deram as mãos, se abraçaram. Essas pessoas nos doaram momentos de suas difíceis jornadas de trabalho frente à rotina inglória da pandemia, acrescida das tradicionais atividades de seu exercício profissional, para nos traduzirem suas práticas da vida real em evidências de pesquisa. Os frutos desse estudo são ainda imensuráveis. Mas seguramente traçam, nas vozes de cada enfermeira e de cada enfermeiro, as árduas linhas dos seus processos de trabalho”, destaca a coordenadora nacional da pesquisa, professora Fátima Sousa.

Entre os profissionais que participaram da pesquisa, 88,4% são mulheres e 11,6% são homens. Em relação à etnia, 50,3% se declarou branca, 40,3% se declarou parda e 7,2% se declarou preta. A idade predominante varia entre 36 a 40 anos.

“É preciso reconhecer os avanços no exercício das práticas individuais e coletivas das enfermeiras e dos enfermeiros nos mais complexos, singulares e diversos contextos de atuação. Portanto, essa pesquisa se soma aos nossos esforços, no sentido de mostrar a realidade enfrentada pela categoria nas unidades básicas. A verdade é que assumimos o protagonismo e estamos contribuindo para a edificação de um novo modelo de atenção à saúde. Não obstante, ainda precisamos superar o estigma da insegurança e da desvalorização que nos assola”, considera a presidente do Cofen, Betânia Santos.

No campo acadêmico, 31,2% se formou em instituição pública, 66,9% em instituição privada e 9,9% possui outra graduação além da enfermagem. Para além da formação elementar, 5,6% fez residência, 73,3% fez especialização, 8,5% fez mestrado, 1,1% fez doutorado,0,7% fez pós-doutorado e 3,3% tem livre docência. No entanto, 46,7% declarou que não participou de nenhum seminário ou encontro científico sobre APS/ESF nos últimos dois anos e 38,5% não fez qualquer curso de atualização nos últimos dois anos.

Sobre os rendimentos mensais das enfermeiras e enfermeiras que atuam na APS, 4,16% recebe menos de R$ 2000, 27,97% recebe entre R$ 2001 e R$ 3000, 19,76% recebe entre R$ 3001 e R$ 4000, 12,23% recebe entre R$ 4001 e R$ 5000, 8,18% recebe entre R$ 5001 e R$ 6000, 5,53% recebe entre R$ 6001 e R$ 7000, 3,67% recebe entre R$ 7001 e R$ 8000, 2,67% recebe entre R$ 8001 e R$ 9000 e 4,72% recebe mais de R$ 9000. Segundo a pesquisa, 62,1% declarou que recebe adicional de insalubridade.

Entre o público pesquisado, 72% atua na Equipe de Saúde da Família e 15% atua na Equipe da Atenção Básica. São experientes, 33,9% atua a mais de 12 anos. Sobre o vínculo, 43,6% é servidor público estatutário, 23,5% é contrato temporário e 13,2% é celetista. Em relação ao provimento, 47,8% foi admitido por meio de concurso público e 24,8% por meio de seleção pública. Desse contingente, 76% trabalham 40 horas semanais.

Em relação às condições da UBS em que trabalha, 32,14% consideram boas, 3,65% excelentes, 13,52% muito boas, 2,53% péssimas, 29,47% regulares, 7,58% ruins e 11,10% não escolheu nenhuma das alternativas. Segundo a pesquisa, 24,4% não moram no município em que trabalha e 7,2% das equipes não contam com médico.

O público se diz bem informado, uma vez que 87,4% têm acesso a informações relativas a APS/ESF predominantemente por meio da internet, tanto nas mídias sociais quanto em revistas científicas e fontes governamentais. Alheios a representações, 77,6% dizem que não são associados a nenhuma entidade representativa da enfermagem.

Sobre as práticas cotidianas, 65,2% participa de processos de territorialização, mapeamento e cadastro familiar, 69,7% realiza visitas às famílias cadastradas na UBS, 75,2% participa das atividades de acolhimento, 60,4% realiza classificação de riscos, 78,3% participa das reuniões de equipe, 72,6% faz planejamento e acompanhamento sistemático das ações, 65,8% participa do gerenciamento dos insumos, 53,5% realiza trabalhos interdisciplinares e 65,7% se articula com profissionais de outros níveis de atenção. Apenas 10,2% é membro do conselho de saúde e 79,3% considera que está contribuindo para a melhoria das condições de saúde da população.

Complementarmente, 64,6% participa de atividades de educação continuada, 71% realiza ações de educação em saúde individual e 66,6% realiza ações de educação em grupo na unidade de saúde.

Para realizar a pesquisa, a UnB e o Cofen contaram com o apoio dos Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), da Associação Brasileira de Enfermagem de Família e Comunidade (Abefaco) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).

 

Confira aqui o relatório final na integra

 

Fonte: Ascom/Cofen

 

 Relatório dinâmico (dashboard) dos indicadores da pesquisa

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