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Observatório da Saúde da População Negra está com inscrições abertas para seção temática na VII SERNEGRA

Serão selecionados até 29 trabalhos para serem apresentados ao longo dos quatro dias do evento. As inscrições seguem abertas até o dia 24 de junho 

Por Tamires Marinho

Com o objetivo de acolher propostas que abordem os diversos aspectos da saúde das mulheres negras, considerando o racismo como determinante no acesso e qualidade dos serviços de saúde, o Observatório da Saúde da População Negra (POPNEGRA) coordenará a Seção Temática (ST) “Mulheres Negras na Centralidade da Saúde: Interseccionalidade de Gênero e Raça nos Serviços Públicos” durante a VII Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça  (VIII SERNEGRA), que acontece entre os dias 18 a 21 de novembro, no Instituto Federal de Brasília (IFB).

A ST propõe a discussão sobre o papel dos feminismos negros na reivindicação de políticas públicas que visem dirimir a desigualdade entre usuárias negras e brancas no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre a necessidade da abordagem do racismo nos instrumentos legais de combate à violência contra as mulheres, uma vez que este também constitui fator de produção desta violência.  Além disso, a ST abordará a relação entre as vivências afetivo-sexuais e a saúde mental de mulheres negras na compreensão de que as práticas de autocuidado são importantes geradoras de bem-estar.

As pesquisadoras do POPNEGRA Andrea Leite, Mariana Fernandes e Marjorie Chaves, responsáveis pela mediação da seção temática, selecionarão até 29 trabalhos para serem apresentados ao longo dos quatro dias do evento.

De acordo com Marjorie, a definição do tema da ST foi feita considerando alguns fatores recorrentes na realidade de mulheres negras mas, ainda pouco explorados, ou até mesmo desconhecidos, em alguns espaços acadêmicos como a necessidade de se falar sobre as representações sociais negativas sobre corpos negros como a resistência à dor e a hiperssexualização, que faz com que mulheres negras estejam vulneráveis à diversas formas de violência e tenham acesso desigual ao direito humano à saúde. “As consequências dessas representações vão desde negligência e insultos até má qualidade dos serviços, o que tem gerado os altos índices de violência obstétrica e morte materna que atingem este contingente da população”.

Além disso, a pesquisadora destaca o racismo como uma das faces da violência doméstica e, no que diz respeito aos casos de feminicídio, as mulheres negras (pretas e pardas) são maioria das vítimas.

Nesse sentido, Marjorie defende a construção de instrumentos legais que considerem o quesito raça. “Presume-se a necessidade de que o marcador social raça seja considerado nos instrumentos legais de combate à violência contra as mulheres. É preciso que o Estado brasileiro reconheça que o racismo estrutural na qual se funda suas instituições, trazem prejuízos materiais e simbólicos para a população negra, em especial, para as mulheres negras". 

Interseccionalidade

O conceito de interseccionaliddade avalia as interações na vida das minorias, entre diversas estruturas de poder e apresenta-se como uma consequência de diferentes formas de dominação ou de discriminação. É preciso reconhecer que as discriminações de raça, gênero, classe e outros marcadores sociais não são fenômenos mutuamente excludentes e estão relacionadas às diversas formas de violência e riscos de saúde. Para Marjorie, a intersecção entre estes marcadores dificulta, entre outras questões, o acesso aos serviços referentes à saúde reprodutiva, de modo que, restringe o conhecimento sobre os métodos contraceptivos, impacta no número de gravidezes na adolescência e resulta em menos acesso a cuidados pré-natal. “A intersecionalidade também contribui para que possamos refletir sobre outros direitos humanos que vêm sendo negados às mulheres negras e quais são as possibilidades de intervenção política”.

A pesquisadora revela que a população negra têm sido a mais prejudicada no acesso aos serviços públicos de saúde, sobretudo as mulheres negras, por isso é tão importante dar visibilidade a essa pauta e trazê-la para o centro dos debates.

“Compondo a maioria de usuárias/os do Sistema Único de Saúde (SUS), a população negra se vê prejudicada pela financeirização da saúde em um cenário de degradação do SUS, ao mesmo tempo que há o incentivo ao crescimento dos planos de saúde e serviços de saúde privados. Nesse sentido, entende-se que o ativismo de mulheres negras é fundamental para criação de políticas de promoção da equidade em saúde, como a obrigatoriedade de preenchimento do quesito raça/cor nos sistemas de informação”.

Inscrição

As inscrições poderão ser feitas até o dia 24/06 e qualquer pessoa que tenha interesse e alguma relação com a temática, seja em termos de pesquisa ou de ação política, desde de estudantes de graduação a doutoras/es, pode se inscrever na seção temática. As propostas serão avaliadas pelas coordenadoras e devem atender às expectativas descritas no texto de apresentação da ST, sendo que a mesma pessoa não pode submeter propostas para duas seções temáticas diferentes. A inscrição é gratuita e pode ser feita no link abaixo.

Acesse aqui o link para o formulário de inscrição

 
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